O calçado inadequado

A importância dos pés para o bem-estar e para a saúde da pessoa é, na nossa sociedade, absolutamente desvalorizada; disso se ressentem, portanto, as suas funções de receptores enérgicos, estabilizadores da postura, motores da circulação linfática.

Sujeitos a calçado escolhido sobretudo para estar em sintonia com o tipo de vestuário, os pés sofrem repetidos maus tratos, com consequências sobre a estática corporal e sobre a circulação sanguínea e linfática da perna.

Particularmente para quem passa em pé grande parte do dia, os danos provocados por sapatos inadequados (demasiado apertados, de biqueira pontiaguda, com saltos demasiado altos) são de facto muito graves.

Alterações adquiridas, como o dedo grande valgo (o dito joanete), os dedos em martelo, os dedos acavalados, as unhas encravadas, são fonte de tensões musculares e de consequentes perturbações circulatórias, que vão somar-se aos efeitos de eventuais condições congénitas, como sejam o pé chato ou cavo, varo (voltado para dentro) ou valgo (voltado para fora).

Todas estas patologias difusas são causadas ou agravadas pelo uso continuado de calçado não adequado à forma do pé, sobretudo o calçado com saltos demasiado altos, que desloca para a ponta do pé todo o peso da pessoa.

As consequências no que diz respeito à celulite estão relacionadas com repercussões sobre as tensões musculares nas zonas da perna e da coxa e a insuficiente compressão rítmica da «sola de Lejars»: assim se designa a zona esponjosa situada sob a planta do pé, que normalmente funciona como «coração linfático», ou seja, estimulador da corrente linfática juntamente com os movimentos do andar.

O sedentarismo

Pode levar-se uma vida sedentária por preguiça, por hábito, por uma tendência inconsciente para a poupança de energias ou por exigência do trabalho.

Os seus efeitos negativos, que podem incidir sobre uma celulite difusa preexistente, agravando-a, revelam-se a longo prazo em alterações orgânicas e funcionais. Entre os efeitos mais evidentes da denominada «doença hipocinética», temos:

• escassa tonicidade dos músculos, que reduzem de volume;
• maior tendência para a esclerotização, ou seja, o endureci-
• mento dos vasos sanguíneos;
• menor eficiência cardiocirculatória e respiratória;
• tendência para adoptar posturas erradas;
• afrouxamento das redes de retorno sanguíneo e linfático, com retenção de líquido nas pernas.

Os erros de postura

Uma posição errada do corpo pode constituir um factor predisponente ou agravante da celulite, particularmente se for mantida durante muito tempo ou se tornar habitual; com efeito, provoca uma reduzida irrigação e oxigenação dos tecidos nas zonas envolvidas.

Há posturas erradas relacionadas com determinadas profissões ou actividades:

• nos motoristas causa o escasso tónus dos músculos abdominais, o que pode resultar num abdómen saliente, mas também a um mau funcionamento dos intestinos;
• nos empregados de balcão, a posição de pé favorece a estase venosa nas pernas;
• quem trabalha sentado a um teclado adquire frequentemente posições anómalas da coluna vertebral, com ombros tortos e pescoço projectado para a frente.

Além da actividade profissional, as contracções dos músculos dos ombros e do pescoço estão muitas vezes ligados a estados de stress e de tensão, ao passo que uma postura flácida (ombros descaídos, lordose lombar, ventre proeminente) pode estar relacionado com atitudes mentais negativas.