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9 verdades sobre dietas e a perda de peso

1. Na terapêutica da obesidade, o regime alimentar restritivo, em comparação com o regime alimentar normal, deve considerar uma redução acentuada nas gorduras e não nos HC de absorção lenta.

Porquê? Porque os HC têm uma capacidade excelente de auto-regulação (capacidade de estimular a sua própria oxidação), induzem o aumento da saciedade e têm baixa densidade energética, originam baixo rendimento energético e baixa contribuição para o valor calórico total. Isto é muito importante, pois ainda se encontram muitas dietas com grande restrição dos HC. Os macro-nutrientes têm uma capacidade diferente para regular a sua ingestão e metabolismo. A capacidade para produzir uma sensação de saciedade é alta para as proteínas e HC e baixa para as gorduras. A capacidade para induzir oxidação é alta para os HC e baixa para as proteínas e gorduras. A densidade energética das gorduras é elevada, tendo as proteínas e os HC uma baixa densidade. A capacidade de utilizar outras vias metabólicas na presença de excesso de ingestão é característica das proteínas e dos HC mas não das gorduras. As gorduras têm um rendimento energético elevado ao contrário das proteínas e dos HC. A contribuição para o valor calórico total é elevada no que respeita às gorduras e baixa por parte das proteínas e dos HC.

2. Na terapêutica da obesidade, a actividade física afecta o gasto energético total, o balanço energético e a ingestão alimentar.

No que respeita ao apetite, vários estudos demonstraram, nas mulheres obesas, que o gasto energético não é compensado por um aumento da ingestão alimentar, pelo que o exercício induz um balanço energético negativo; o organismo humano não consegue aguentar durante muito tempo um balanço energético negativo, seguindo-se uma fase de homeostase. Se as pessoa , depois do exercício físico, ingerirem alimentos cos em gorduras, esse balanço negativo pode não se verificar.

3. Na terapêutica da obesidade, a terapêutica farmacológica deve ser considerada como parte da estratégia de tratamento a longo prazo, em simultâneo com o regime alimentar adequado, o aumento da actividade física e a alteração do comportamento. Os fármacos podem ser prescritos nas pessoas com um IMC>30 e um IMC>25 e morbilidades graves associadas.

Os fármacos são importantes na terapêutica de longa duração da obesidade (em simultâneo com medidas não farmacológicas) devido ao carácter crónico da doença e às morbilidades associadas.

Os fármacos a utilizar devem ter em conta o indivíduo, a eficácia na perda ou manutenção do peso, as morbilidades associadas e eventuais efeitos secundários, tendo de se pesar para cada pessoa o risco-benefício. Os fármacos aumentam a adesão do doente ao regime alimentar, ao exercício físico e à modificação comportamental, mas não curam a obesidade. Quando suspensos ou não tomados, o peso tende a aumentar de novo.

Os fármacos só devem ser usados sob supervisão médica e não devem ser utilizados na terapêutica da obesidade nas crianças por não serem ainda conhecidos os seus efeitos sobre o comportamento alimentar a médio e a longo prazo. O aumento da obesidade nas crianças e adolescentes começa a ser dramático nos EUA, começando a levantar-se a questão de tratar estes doentes com fármacos.

4. Na terapêutica da obesidade, os fármacos apropriados para a terapêutica farmacológica, actualmente no mercado são a sibutramina (Reductil) e o orlistat (Xenical).

Os diuréticos, a tiroxina, a metformina, a acarbose e a fluoxetina não devem ser considerados fármacos apropriados para o tratamento da obesidade per se, podendo inclusivamente a sua prescrição, quando não justificada por patologia adequada, ter efeitos indesejáveis. Referimo-nos concretamente à mulher obesa idosa e pós-menopáusica, podendo existir problemas associados à utilização da tiroxina e da fluoxetina.

As características dos fármacos apropriados são uma eficácia demonstrada (diminuição do peso de pelo menos 5% versus placebo), uma boa tolerabilidade, a ausência de propriedades aditivas, como acontecia com as anfetaminas, uma acção efectiva nas terapêuticas a longo prazo, a ausência de problemas major após anos de administração, um mecanismo de acção conhecido e um preço razoável.

Os fármacos não apropriados constituem um problema histórico, sendo frequente a confusão entre terapêutica da obesidade e de outras patologias em doentes obesos.

Os fármacos-problema na mulher idosa e pósmenopáusica são a tiroxina, que agrava a osteoporose, e a fluoxetina, que pode causar agitação, hiponatrémia e interacções medicamentosas.

5. Na terapêutica da obesidade, a sibutramina (Reductil) pode ser benéfica na redução do risco cardiovascular, tendo em conta os seus efeitos na redução ponderal, no perímetro da cintura e no metabolismo lipídico e glucídico.

No que diz respeito à doença cardiovascular (DCV), a sibutramina demonstrou, em estudos controlados com placebo, poder originar um aumento médio da HTA sistólica ou diastólica de 1-3 mmHg Terapêutica da obesidade e um aumento do ritmo cardíaco de 4-5 batimentos/ min O seu uso está contra-indicado em doentes com HTA não controlada.

No entanto, a médio prazo, a sibutramina favorece a perda de peso em cerca de 10-15%, favorece a perda de gordura visceral, aumenta a sensibilidade à insulina, directa ou indirectamente, melhorando o perfil glucídico e a HTA. Assim, a médio prazo, a sibutramina reduz o risco cardiovascular.

6. Na terapêutica da obesidade, o sucesso pode ser definido como qualquer resultado contrário ao aumento de peso, pela prevenção do carácter cíclico da obesidade, isto é, procurar manter o peso perdido e pela prevenção ou redução das morbilidades associadas.

O sucesso pode representar muito simplesmente uma manutenção do peso ou mesmo a redução dos riscos.

7. Na terapêutica da obesidade, as medicinas alternativas não mostram, pela evidência, induzirem per si, perda de peso.

A sua utilização por parte das pessoas obesas pode não ser isenta de riscos e, inclusive, induzir aumento ponderal, pelo que os colegas médicos devem ter em conta os seus mecanismos de acção e efeitos secundários.

No que diz respeito às medicinas alternativas, não há evidência de que a acupunctura, a hipnose ou o yoga sejam eficazes na perda de peso. No entanto, estas terapêuticas podem eventualmente ajudar o doente a cumprir mais eficazmente o regime alimentar através dum efeito sobre a auto-estima.

As ervas estimulantes, diuréticas, mucilagíneas, “quentes” e picantes, serotoninérgicas, etc., também são por vezes usadas pelos doentes. Não há evidência de que estas terapêuticas sejam eficazes na perda de peso e os seus efeitos a curto e a médio prazo são desconhecidos.

8. Na terapêutica da obesidade, a cirurgia bariártrica é um método eficaz para a redução ponderal dos obesos de classe III (IMC>40 ou >35 e morbilidades associadas.

O sucesso desta cirurgia implica uma equipa terapêutica multidisciplinar treinada, incluindo um endocrinologista, um cirurgião, um anestesista, um psiquiatra/psicólogo e um nutricionista/dietista e é variável caso a caso.

No que diz respeito aos resultados da cirurgia bariártrica, ocorre geralmente uma perda de peso superior a 20 kg ao fim de 12 meses após a cirurgia. Os doentes com transtornos psicológicos prévios à cirurgia têm uma adesão deficitária ao programa de educação alimentar, nomeadamente aqueles com comportamentos aditivos, para a comida ou álcool. Nestes doentes, o apoio psicológico permanente é fundamental, podendo inclusive o transtorno comportamental levar à não selecção do doente pelo facto de estar associado a uma taxa de sucesso terapêutico reduzida.

Estudos recentes mostram que a maior parte dos doentes melhoram psicologicamente, verificando-se um aumento da auto-estima e uma diminuição da depressão (estudo SOS). No entanto, há casos em que o emagrecimento, embora desejado, traz insegurança.

9. Na terapêutica da obesidade, o ver televisão (número de horas) tem efeitos negativos, principalmente nos adolescentes e jovens.

Por um lado, a televisão estimula o desenvolvimento e agravamento da obesidade ao favorecer o sedentarismo e o consumo de alimentos de alta densidade. Por outro, diminui a auto-estima face à imagem estereotipada (magros, lindos e sofisticados) dos profissionais, artistas e modelos que preenchem o espaço televisivo.

Foi observada uma relação directa entre o número de horas que crianças e adolescentes passam em frente à televisão e o aumento da obesidade. Porquê? Ver televisão aumenta o sedentarismo, principalmente se a televisão está no quarto, e modifica o tipo de alimentação, favorecendo a ingestão de alimentos altamente calóricos e pobres em leite, frutos e vegetais. Para além disso, existe uma associação negativa entre a imagem de obesidade e os programas televisivos. Porquê? Porque apesar do aumento de prevalência da obesidade, a imagem do obeso continua a estar associada a estereótipos negativos (os “gordos” fazem programas que ridicularizam a imagem), enquanto os magros representam estereótipos positivos.